Ensino híbrido: como se beneficiar desse método e aumentar a produtividade de estudantes e professores.

05/abr/2021

Durante a pandemia, educadores, estudantes e famílias foram desafiados a se reinventarem para dar continuidade nas atividades escolares. Entre as fases de flexibilização do isolamento social, o ensino híbrido foi implantado, no qual propõe um formato em que a sala de aula pode ser alternada entre a casa do estudante e o espaço físico da escola. Conheça os benefícios do ensino híbrido e estratégias para ampliar a produtividade de estudantes e educadores.

Com o surgimento da pandemia de covid-19, professores e estudantes tiveram que se adaptar a uma nova rotina de estudos e interações, além de terem que se acostumar com os novos métodos e ambientes de aprendizagem e ensino.

No ano de 2020, vivenciamos o ambiente on-line com aulas totalmente remotas que trouxeram inúmeros desafios tecnológicos, pessoais e atitudinais para o desenvolvimento das atividades. Todos nós aprendemos muito e avançamos como nunca na nossa capacitação digital por conta dessa nova realidade.

O desafio de um ambiente de ensino misto

Em 2021, nos deparamos com mais um desafio: o ambiente misto de ensino, no qual temos algumas configurações de salas diferentes do modelo tradicional, por exemplo, professor na sala de aula presencial com estudantes e parte da turma em casa, ou até mesmo professor e parte da turma em casa e estudantes em sala de aula (presencial). Essas novas possibilidades trouxeram um pouco de confusão entre as pessoas que começaram a chamar esse novo ambiente de híbrido.

Este ano, quando o mundo desacelerou mais um pouco por conta da pandemia, algumas reflexões surgiram na comunidade educacional, como em qualquer período desafiador. Os especialistas enfatizam a importância de se encontrar um modelo de ensino que possa de fato contribuir com o desenvolvimento do protagonismo e autonomia dos estudantes.

A adaptação no modelo de ensino

Temos agora novas práticas e metodologias de ensino disponíveis para serem implementadas de forma a modernizar a forma como atuamos. A necessidade do ensino a distância também ampliou nossas percepções e resultou na aplicação de novos recursos para atrair a atenção do estudante do outro lado da tela, além de repensar constantemente se ele está de fato aprendendo.

Para o especialista Fernando Trevisani, o modelo híbrido valoriza a autonomia do estudante e a autoaprendizagem. “Mostra que os papéis e as ações de cada um são essenciais para que eles estabeleçam conceitos e sigam um caminho de aprendizagem mais independente para a construção do conhecimento”, diz.

O conceito de ensino híbrido na prática

Deve-se ter cuidado para não confundir o ensino híbrido com outros modelos educacionais. É comum escutar em alguns lugares a definição do ensino híbrido como sendo a transmissão online de aulas ao vivo de dentro do ambiente escolar, mas isso não é a definição correta. Segundo Clayton Christensen do Institute, dos Estados Unidos, o sistema híbrido é um programa de educação formal no qual um estudante aprende, pelo menos em parte, por meio do ensino on-line, com algum elemento de controle do estudante sobre o tempo, lugar, modo e/ou ritmo do estudo e, pelo menos em parte, em uma localidade física supervisionada, fora de sua residência.

Dessa maneira, trata-se de uma abordagem pedagógica que envolve momentos e atividades presenciais e a distância. As atividades devem ser complementares, de modo a favorecer o desenvolvimento do estudante, a personalização da aprendizagem e a promoção de sua autonomia. O ideal é que as atividades a distância sejam on-line, mas também não é obrigatório que seja assim.

O protagonismo do estudante

A forma de pensar e fazer é muito diferente do tradicional modelo já existente, pois o sistema híbrido permite mesclar estratégias de ensino off-line com estratégias on-line, possibilita personalizar o ensino para atender melhor às necessidades de aprendizagem dos estudantes, colocando-os como protagonistas de sua aprendizagem, transformando o professor em mediador do conhecimento. Uma das estratégias mais utilizadas nesse tipo de ensino é a aprendizagem baseada em problemas.

Nessa estratégia, o professor faz a proposta de um desafio ou pergunta desafiadora, e os estudantes terão uma aula baseada em uma pesquisa em grupo para resolver o desafio. Os professores devem, nesse modelo, modificar suas estratégias de condução da aula, atuando como estimuladores de reflexões sobre as relações de ensino e aprendizagem e, ao mesmo tempo, devem analisar e replanejar sua prática.

Do planejamento à execução do ensino híbrido

As metodologias ativas são as maiores aliadas nesse processo, por exemplo: salas invertidas, laboratórios rotativos e rotações por estações são modelos híbridos que permitem o desenvolvimento de atividades interativas e estimulantes para os participantes tanto presencialmente, quanto remotamente (em casa).

Apesar dos obstáculos, é possível implementar a educação híbrida em realidades e escolas por todo o Brasil, incluindo escolas públicas com menos recursos tecnológicos. É importante destacar que este modelo não pressupõe que todo estudante possua/use um equipamento digital a todo momento. O professor precisa elaborar planos que sejam significativos para o que ele deseja ensinar, cujos propósitos de ensino contemplem as diferentes realidades dos dois ambientes.

Inovar para continuar a potencializar

Aqui no Stocco, estamos mais do que preparados para estes dois ambientes e, portanto, para o ensino híbrido. Temos investido em cursos e capacitações da equipe, contamos com um time super criativo, experiente e que adora um novo desafio. Nossas estratégias de ensinagem já iam para além do tradicional quando estávamos apenas presencialmente, agora, avançamos para o modelo híbrido já preparados com novas metodologias ativas e de gamificação. Outros formatos possíveis e também adotados são as salas invertidas e laboratórios rotativos, chamados de modelos contínuos, que rompem completamente os modelos tradicionais.

Muitos institutos e especialistas em educação acreditam que o modelo híbrido possa ser a chave para renovar o aprendizado – da educação básica ao ensino superior. É o que aponta a pesquisa dos especialistas norte-americanos Heather Staker e Michael B. Horn apresentado no “Integration Across National Borders”: um estudo exploratório sobre aprendizagem integrada.

Para José Moran, híbrido significa misturado, mesclado, blended. Esse processo, aliado à mobilidade e conectividade, é muito mais perceptível, amplo e profundo: é um ecossistema mais aberto e criativo. Podemos ensinar e aprender de inúmeras formas, em todos os momentos, em múltiplos espaços.

Nesse modelo híbrido, os estudantes têm papel fundamental, uma vez que o foco dessa nova forma de trabalho é diferente do ensino totalmente presencial, o qual tinha como essência o conteúdo em si mesmo. Os estudantes devem estar preparados para realizar atividades que rompem com o tradicional e esperar de seu professor orientação para desenvolver as atividades. O modelo híbrido está baseado na construção do conhecimento do estudante por meio da resolução de problemas, restando ao professor o papel de orientador e facilitador.

Como participar de modo mais efetivo dos encontros a distância

Elencamos alguns itens importantes para melhorar nossas aulas on-line e trabalhos pedagógicos. Lembre-se de que são dicas que irão contribuir para você construir seu caminho nessa jornada do ensino híbrido.

1. Vocês me ouvem?

O microfone de um computador ou telefone celular não é o microfone mais adequado, porque não consegue distinguir sua voz de sons externos.
Para resolver esse problema, também vale a pena investir em microfones unidirecionais ou até mesmo em microfones maiores. No caso de microfone de lapela, evite tocar nas roupas, bater no peito ou esfregar o rosto durante a transmissão ao vivo, pois o espectador ouvirá esses sons com mais intensidade.

2. Luz, câmera e ação!

Um dos fatores que podem melhorar a qualidade do seu ambiente e facilitar a interlocução é a iluminação. Você pode tirar proveito da luz natural ficando próximo de janelas. Isso ocorre uma vez que a luz das lâmpadas fluorescentes dá ao vídeo uma aparência artificial. Outro problema que depende da luz dentro do ambiente são as sombras que eles produzem no rosto, geralmente escurecem a área dos olhos e dão às pessoas uma sensação de fadiga. Para solucionar isso, utilize uma luminária pequena, preferencialmente com lâmpadas de led para economizar energia.

Outro item muito importante é colocar a câmera na mesma altura dos olhos para transmitir a impressão de proximidade com as pessoas. Devemos sempre tentar ficar no centro da imagem ou no máximo ao lado. Se você quiser tentar outros ângulos, coloque a câmera um pouco acima ou abaixo de você. Pode se sentir livre, mas não se desvie muito da régua. Usando a câmera acima, você pode ajustar o perfil e fica com uma imagem mais natural, abaixo infelizmente acaba gerando distorções na imagem.

3. Como devo me portar?

O foco da transmissão ao vivo é a interação. Dessa maneira, fique com sua câmera ligada e sempre que achar interessante abra seu microfone e fale! Não deixe passar oportunidades de dar sua opinião e interagir com o professor e seus colegas.
Além disso, se for falar por muito tempo, lembre-se de mudar seu tom de voz, o que ajuda as pessoas a ficarem concentradas e auxilia no foco dos fatos mais importantes.

É importante ficarmos com o microfone fechado quando não estamos falando, para evitar a entrada de sons e ruídos indesejados. Para nossa imagem, podemos utilizar filtros existentes nos programas de reuniões que destacam apenas nossa silhueta, desfocando ou mudando o fundo.

4. Na minha rua tem…. o carro do ovo, da pamonha, do óleo usado e o caminhão do gás.

Um dos grandes desafios que todos nós enfrentamos são os ruídos externos, principalmente aqueles de carros, motos e vendedores dos mais diversos tipos e reformas no apartamento vizinho! Para auxiliar nessa questão, a maioria dos softwares de encontros on-line possuem filtros digitais que ajudam muito nessa tarefa, verifique se o seu filtro está ligado. Outro recurso é o uso de isolantes sonoros em nossa área de trabalho. Uma cortina mais grossa cobrindo a janela auxilia muito na redução de ruídos externos.

Preparado para fazer uma releitura dos “velhos ingredientes” num “prato novo”?

Trata-se de um momento cheio de desafios, sejam eles pedagógicos, técnicos e emocionais, mas, ao mesmo tempo, cheio de possibilidades e capaz de gerar uma ruptura definitiva com os modelos tradicionais, proporcionando o protagonismo e autonomia aos estudantes que são orientados por seus professores.

No modelo híbrido, temos um conceito rico em ambientes variados, com metodologias ativas estimulantes. Tudo pode ser misturado, embaralhado, combinado, e podemos, com os mesmos “ingredientes”, preparar diversos “pratos” com sabores muito diferentes.

Nosso colégio está preparado para proporcionar esse novo momento de misturas e possibilidades para nossos estudantes, que terão a oportunidade de participar desse processo de transformação da educação, sendo protagonistas e transformadores no processo de ensino aprendizagem.

Luís Gustavo Cordeiro Alves

Professor de Ciências, Robótica e Educação Tecnológica.
Mestrando em Tecnologias Emergentes em Educação MUST – University. Pós graduado em Metodologias Ativas pelo IBFE-SP

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